Uma nova escala de valores - Autor: Hugo Rocha

UMA NOVA ESCALA DE VALORES

A questão do VALOR sempre foi tratada de modo acadêmico pelos pensadores que antecederam a época atual da nossa civilização urbano-industrial de alta tecnologia. A mudança intensa produzida por esta nova civilização tem sido rápida demais para que a questão dos valores não seja revista e adequada aos novos tempos.
O que deparamos sobre o assunto, nos pensadores anteriores à nossa época, já não nos serve mais como parâmetro comportamental, nem para as gerações atuais e nem para as gerações futuras. Na atualidade temos de adotar uma nova filosofia que nos permita encontrar novos valores que sejam estáveis e permanentes dentro da mudança. Isto quer dizer: estabilidade dentro da mudança.
Pelo que sabemos, desde Platão até os dias atuais, a questão do valor, sempre esteve mais ligada à ética e a moral da convivência social, e jamais se preocupou com a questão ética da relação homem e natureza de onde provem a vida que habita a todos os seres vivos. Numa discussão acadêmica, o tema sempre girou em torno de questões que indagam se o valor ,e , objetivo ou subjetivo, vitais ou culturais, existenciais ou de desejo, lógicos, éticos e estéticos, ou se existe ou não uma hierarquia de valores etc. Não temos noticia ainda, de que o valor tenha sido colocado como fator ético na ordem 'natural' para preservação da vida humana, bem como a vida das outras espécies do Planeta.
Para início de nossa reflexão, a pergunta que se faz é se existe além da ordem cultural estabelecida pelo homem, uma outra ordem preestabelecida pela natureza, a qual o homem está submetido inexoravelmente?
Até recentemente, o homem e sua cultura não tinham dado conta da necessidade de preservar o equilíbrio do mundo da natureza, para ·sua própria sobrevivência além do seu mundo da cultura. Como preservar a ordem natural, com hábitos, atitudes e um comportamento adequado, em meio à mudança imposta pela civilização atual e o mundo da cultura humana, é a questão ética que está aberta. Ou encontramos a saída ou comprometemos o futuro da nossa civilização ameaçada de destruição pelo uso inadequado que estamos fazendo da nossa inteligência e dos recursos que a natureza nos fornece.
No que se refere a questão do "valor", devemos ter em mente, até que ponto o homem depende dos valores da ordem natural para viver e como ele deve se comportar no mundo da cultura para sobreviver. Esta nova ética deve ser abrangente e global e ao mesmo tempo individual. O que propomos não é discutir se os argumentos anteriormente apresentados sobre o "valor" são ou não válidos. A nossa preocupação diante da ameaça de uma possível catástrofe que a civilização urbano-industrial da alta tecnologia coloca perante a vida do Planeta, deverá ser a base principal de nossa preocupação ao examinar a questão do "valor".

Ecologismo e valor
A linha de pensamento aqui adotada, está ligada ao Ecologismo, que não pode ser confundido com uma doutrina, ideologia ou Sistema fechado. 
Ecologismo, antes de tudo, é uma atitude democrática, onde todos, individualmente e coletivamente, com consciência da realidade global presente assuma nova postura diante da vida em sociedade e da sua relação necessária com a natureza, de onde 'provém todos os recursos para manutenção' da vida no Planeta e da nossa civilização.
A discussão sobre o conceito de valor até agora visava uma civilização se não estática quase estática, onde o equilíbrio do ecossistema global, praticamente, não era levado em consideração. Por esse motivo, partindo de uma visão do Pensamento Ecológico, colocamos os três elementos considerados indispensáveis para a organização de uma nova "escala de valores", seja para um indivíduo ou para a coletividade, capaz de atender as necessidades do equilíbrio entre natureza e desenvolvimento da civilização atual.
O primeiro e único elemento que conhecemos e podemos considerar acessível pela consciência humana, sem contestação, como "valor absoluto" é a "vida". Poderá haver, por muitos, a contestação de que "Deus" é um "Valor Absoluto". que antecede à própria Vida. Não podemos negar essa possibilidade, mas observamos que o conceito de Deus, como entidade absoluta; por diversas razões de ordem prática, não satisfaz as condições desejadas, por estar fora da experiência humana objetivamente, ficando assim na dependência do subjetivismo de cada um de como vivenciá-lo.
Os conflitos, verificados em todo mundo entre as religiões nos revelam a impossibilidade de adotar, em termos práticos, a entidade, "DEUS" como denominador comum e "Valor Absoluto" para formação de uma nova "Escala de Valores" para uma ética com igual sentido como a vida que habita à todos.
Na ordem de importância, depois da "Vida" como "Valor Absoluto" colocamos em segundo lugar os valores da ordem natural imutáveis, insubstituíveis e indispensáveis para a manutenção da vida, tanto sob o ponto, de vista material como psicológico. Sob o ponto de vista material são os três elementos básicos à vida no Planeta: o AR, a ÁGUA e o ALIMENTO, complementado com tudo mais que compõe o Planeta - minerais - flora e fauna.
Sob o ponto de vista psicológico colocamos toda a herança evolutiva humana, que responde pela suas potencialidades psíquicas para agir e reagir perante o ambiente natural e cultural, tais como a vontade, agressividade, medo, amor, ira, etc.
Destacamos a racionalidade da lista acima por ser uma característica exclusiva da espécie humana, única capaz de atribuir valor às coisas e por não estar condicionada a sensibilidade. 
A vida como "valor absoluto" e todos os demais valores, da ordem natural formam o mundo da natureza, do qual depende toda a vida do Planeta.
Em último de terceiro lugar, como suporte para uma nova escala de valores, colocamos o mundo da cultura humana, com todos os bens materiais e intelectuais, desde o arco e flecha até as espaçonaves e desde os mitos até as ideologias. A característica desses bens, que os diferenciam dos bens do mundo da natureza é o fato de serem mutáveis e substituíveis no tempo e no, espaço e estarem na dependência do desejo e da opção de cada um ou de um grupo especifico. Para se perceber a grande diferença entre os bens da ordem natural e os bens da ordem cultural, lembramos que o AR que os egípcios respiravam há cinco mil anos é o mesmo que estamos respirando hoje, mas dificilmente aceitaríamos viver hoje de acordo com os costumes e valores culturais dos egípcios daquela época.
Pelo que foi colocado acima, uma nova "Escala de Valores" individual ou coletiva, para atender a expectativa de equilíbrio entre vida, mundo da natureza e mundo da cultura humana, à realidade atual, deverá ter sempre presente que é a vida que dá significado a tudo e que sem ela nada terá significado em termos humanos.
Finalmente uma escala de valores deve ser construída sem subordinar o presente ao futuro nem o futuro ao presente, mas observar e avaliar num dado momento como se deverá viver e quais os valores capazes de satisfazer individualmente sem comprometer o global e a vida que palpita no coração de todos.

A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA ESCALA DE VALORES
Para o Ecologismo, a Filosofia e as demais ciências do comportamento humano, que tratam do assunto, além de não estarem unânimes na conceituação do termo "Valor", ainda estão defasadas no tempo e no espaço, diante da nova realidade de convivência estabelecida pela Sociedade urbano-industrial de alta tecnologia dos dias atuais. Ainda, para o Ecologismo, como ponto de partida, indispensável para se estabelecer um "Critério de Valores", é, levar em conta, que o homem, como ser racional é capaz de fazer opções conscientemente. tanto para mudança de seu meio-ambiente, como no seu comportamento. Assim, o homem pela sua própria natureza é livre na organização de sua "Escala de Valores". Mas, o fato do homem ser livre para organizar sua própria "Escala de Valores" não o isenta de sua responsabilidade de atuar em harmonia com a natureza, fonte de sua própria vida e do mundo da cultura humana.
Hoje, isto já deixa de ser uma responsabilidade para se tomar um dever para com as gerações futuras, tanto aos detentores do poder quanto para a sociedade de modo geral. É evidente que não é fácil para o cidadão de hoje harmonizar os dois ordenamentos ao qual está sujeito: o ordenamento das leis naturais, imutáveis e absolutamente indispensáveis para a manutenção da própria vida e o ordenamento das leis e normas criadas pelo mundo da cultura humana, na ordem econômico-político-social, como está estruturado no sistema atual.
A harmonização desses dois ordenamentos, tanto na esfera pessoal como global, na visão do Ecologismo, está sujeita à princípios éticos de ordem natural que uma vez transgredidos o mal será irreparável para ambos, os ordenamentos, uma vez que ambos estão interligados pela "Vida".  Se a vida deixar de existir, nada mais terá significado, tanto na ordem natural como na ordem cultural. Por exemplo: se envenenarmos a água e o ar, estaremos condenando, não só a vida do Planeta, como também a própria espécie humana com o seu mundo da cultura e todas as outras espécies vivas e os recursos fornecidos pela natureza para a
manutenção e a subsistência da espécie humana. Por esse motivo a nossa sociedade urbano-industrial de alta tecnologia terá sob sua responsabilidade, para promover a grande mudança, o estabelecimento de uma nova ética que permita a todos, individualmente e coletivamente, criar uma nova "Escala de Valores" em
harmonia com o mundo da natureza e o mundo da cultura humana. 

Valor e as necessidades humanas
Sendo o valor o produto do manifestar-se por uma necessidade do sujeito, compete a todos, indistintamente, distinguir entre necessidades relativas e necessidades reais e ao satisfaze-las não comprometer o relacionamento entre homem, natureza e cultura. As necessidades reais são as de ordem natural, sem as quais não sobreviveremos e as relativas são as necessidades que decorrem da vida humana em estado civilizado, produzidas pela cultura, podendo ser normalmente dispensadas sem prejuízo vital. Basta, para isso, olharmos para a diversidade da maneira de viver dos diversos grupos humanos espalhados pelo mundo, desde aqueles grupos que ainda vivem em estado primitivo até os grupos mais ricos e sofisticados da nossa civilização. 
Para tornar isso mais claro, basta lembrar que no mundo de hoje ainda existem sociedades primitivas vivendo, em perfeito equilíbrio com a natureza, que desconhecem totalmente as necessidades criadas pelo mundo da nossa cultura e da civilização urbano-industrial de alta tecnologia. Este exemplo nos mostra que
podemos abrir mãos dos exageros do consumismo e da criação de um sem número de itens supérfluos sem comprometimento das condições vitais das pessoas.
Para se chegar à compreensão da nova realidade em que vivemos e nos tomarmos capazes de organizar nossa "Escala de Valores" para essa nova realidade, é necessário, em primeiro lugar, entender que, a vida é um "valor absoluto", e vai além da criação humana e, de certa maneira, tudo o que ocorre no Planeta, desde o reino mineral, vegetal, até ao animal, do qual o homem faz parte, nada mais são que efeitos e manifestações da própria vida, um fenômeno que transcende nossa compreensão.
A vida é um liame que liga tudo: mineral, vegetal, animal e cultura. Nós somos parte deste mistério e não os donos. Se rompermos um fio dessa teia toda a vida estará comprometida.
Uma das coisas que mais dificulta a compreensão desse fato é o de que tanto as pessoas como as instituições colocam como principal valor acima da vida humana, seus interesses imediatos e egocêntricos e se esquecem de que a vida humana é parte de um contínuo, cuja manifestação se iniciou há milhões de anos
nos minerais e veio a terminar na racionalidade humana. A vida não é de ninguém, ela é um fenômeno que transcende a nossa compreensão e só a percebemos através da manifestação das formas e seres que conhecemos materialmente pelos nossos sentidos. Um pé de alface, uma pequena formiga, uma baleia ou um
leão são apenas manifestações da vida da mesma maneira que Jesus Cristo o foi enquanto forma humana.
Quando colocamos a vida como valor absoluto é porque nenhum outro valor, em termos práticos, seja um mito, uma ideologia ou até mesmo as grandes religiões como o Cristianismo, Budismo, Induísmo ou Muçulmanismo, todas voltadas para um mesmo Deus como valor absoluto, não conseguiram e talvez 
nunca irão conseguir colocar Deus como valor absoluto na ordem pratica, sem gerar os conflitos que separam pessoas, grupos, nações, etc, como sempre ocorreu e ainda está ocorrendo nos dias atuais, o que estamos testemunhando em diversas partes do mundo.

Referencial de valor absoluto
Porque propomos a VI DA como valor absoluto para servir de base ética numa escala de valores que seja capaz de evitar os conflitos próprios de outros valores já tomados como absolutos ao longo da história?
Isto porque a VIDA, na visão atual da Ecologia e de outras correntes do pensamento humanista, é o único "bem valorizado" que conhecemos experimentalmente capaz de responder a essa questão tanto   materialmente como psicologicamente, por ser um bem comum a todos os seres humanos e seres vivos e nenhum deles poderem abrir mãos deste valor sem deixar de existir.
Consciente ou inconscientemente todos os seres vivos agem e reagem sempre colocando, em primeiro lugar, a preservação da sua própria vida. A experiência tem demonstrado que antes de abrir mãos da própria vida, nós despojamos de tudo, se for necessário, para preservar nossa sobrevivência.
O fato de considerar a vida como valor absoluto não exclui outros valores, sejam eles de ordem espiritual ou material, natural ou cultural, contanto que tenhamos como referencial, em qualquer escala de valores, a vida em sentido individual e amplo. Uma vez sendo a vida um contínuo que se inicia nos minerais e interliga todos os seres vivos até ao homem, todos pertencem à ela e não ela que pertence aos seres vivos. Só conhecemos a vida através das manifestações que observamos nas diversas formas que ela assume na matéria. Por isso
permanecerá sempre como um grande e misterioso fenômeno do Criador, sendo um valor absoluto que transcende a matéria e só pode ser explicado pelo próprio Criador.
É nesse ponto que o Ecologismo se detêm para pensar em um critério para estabelecer uma "Escala de Valores" e uma ética que permita atender as tendências pessoais livres de cada individuo, sem comprometer aquilo que, em termos reais e práticos, seja o valor supremo, não só para os homens como também para as formas vivas que habitam o Planeta. Na visão do Ecologismo nenhum outro bem, além da vida tomado como valor absoluto, terá as condições para ser a base estável e eixo de uma escala de valores, em termos humanos, sem criar as formas de conflitos que outros valores, até agora tomados como absolutos sempre criaram.
Este texto foi elaborado tendo em vista a criação de um "Referencial de Valor Absoluto" para servir de base a uma "ética" que conduza a conduta humana em um único "bem" que na ordem prática, seja capaz de orientar, como uma bússola, a ação humana com segurança. Embora não se perceba, nossas ações, em primeira instância, serão sempre visando a manutenção da própria vida e indiretamente da vida como fenômeno perene que transcende nossa compreensão. Se essa ação não for em direção da vida, ela não será uma ação ética. Estaremos ignorando o rumo que a bússola está indicando, e isto, com um pouco de reflexão, perceberemos que estamos caminhando no rumo da morte e não no rumo que nos leva a vida. 
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ESCALA DE VALORES
O presente esquema só tem validade para o ser humano na ordem prática, qualquer indagação que ultrapasse esse limite está restrita à subjetividade de cada indivíduo.
Dentro do grande universo de valores materiais e abstratos que a sociedade humana vem utilizando através dos tempos, o individuo poderá organizar sua própria escala de valores livremente.
Na nossa atual civilização industrial de alta tecnologia, só será possível a convivência da espécie humana, tanto em termos individuais como sociais, com o mundo da natureza e com o mundo da cultura humana se ele harmonizar seu comportamento com esses dois mundos, respeitando a ordem dos princípios básicos estabelecidos pelo esquema, que está sendo adotado em seguida.

ESQUEMA:

1) Valor absoluto - A Vida

2) Valores Vitais -
Todos os bens da ordem natural, porque são indispensáveis para a manutenção da vida de todas as espécies: como o ar, a água, o alimento, etc, e por serem imutáveis e insubstituíveis.

3) Valores relativos -
- valores materiais
- valores abstratos

A principal característica desses valores é serem da criação do ser humano através dos tempos, desde o momento em que ele deixou de ser um simples animal e passou a ser um animal racional. Esses valores na ordem prática não existiriam sem a inteligência, a racionalidade e ação do ser humano.
Os valores relativos materiais são os criados pelo ser humano, desde o arco e flecha até as espaçonaves.
Os valores relativos a abstratos são os derivados da ética e da moral e servem de guia ao comportamento do individuo na relação com a sociedade ou grupo ao qual ele pertence.
Se os valores da ordem natural são imutáveis, os valores relativos da ordem cultural, por serem humanos,   ao contrário, vem se transformando através dos tempos. Isto é facilmente observado por qualquer pessoa, tanto nos valores materiais como nos abstratos.
A linguagem que foi a criação humano mais importante e que definiu a sua condição de racionalidade, é a responsável instrumental por tudo que forma a sua cultura e deve ser considerada um valor abstrato por ser formada por idéias e as idéias são coisas abstratas e materializadas por símbolos orais, sonoros e gráficos, que são os veículos de transmissão e comunicação entre os homens.

4) Valores dispensáveis e supérfluos
Se considerarmos que o ser humano viveu aproximadamente um milhão de anos, sem nenhum traço cultural e em absoluto estado animal, podemos admitir que todos os valores relativos são dispensáveis à vida. Mesmo porque até hoje ainda existem grupos tribais espalhados pelo mundo que no nosso conceito de civilizado, vivem praticamente sem cultura.
Os valores dispensáveis e supérfluos estão muito ligado a subjetividade de cada indivíduo. Aquilo que pode ser considerado dispensado e supérfluo para um, pode ser considerado indispensável para outro.
Diante do turbilhão de itens que a civilização industrial de alta tecnologia coloca a disposição do indivíduo, independente de como e de quem seja ele, os itens dispensáveis e supérfluos vai depender muito da sua
subjetividade e suas condições sócio-econômicas.
Alguns exemplos dos absurdos criados pela nossa civilização atual, justificam a questão, por exemplo de que poderíamos eliminar a industria de cigarro, sem nenhum prejuízo, tanto na esfera individual como social a não ser pelo interesse econômico que existe por traz da nossa cultura.
Se examinarmos atentamente veremos que há um grande número de itens produzidos pela nossa cultura que são dispensáveis. Entre eles é o caso dos itens de ostentação e luxo.
Exemplo: um carro de 600 mil dólares, um apartamento em Miame, com 2 andares, diversas suítes, jardins, piscina, etc., sendo vendido por 5 milhões de dólares, isto sem falar nas inúmeras mansões espalhadas pelo
mundo.
Sem desmerecer o valor cultural das artes, que tanto esta ligada a subjetividade do criador, quanto do apreciador, o que nos causa um certo espanto é um quadro ser vendido por 30 milhões de dólares, ou mais, como no caso de um quadro de Van Gogh, que durante sua vida só vendeu um quadro por 200 dólares.
Para terminar este comentário sobre o esquema proposto, devo dizer que é apenas um ponto de vista pessoal, visando antes de mais nada um novo posicionamento no processo da educação formal, por aqueles que estão diretamente ligados à educação em todos os graus, desde o primários até as universidades.

Conclusão

Como vimos, pela exposição acima, o ser humano é um ser bipolar. Ele tem sua existência subordinada a dois mundos. O mundo da natureza e o mundo da cultura humana.
Se no mundo da natureza ele está submetido à ordenamento de leis imutáveis e bens materiais indispensáveis a sua existência, no mundo da cultura humana, ao contrário, o ordenamento é mutável no tempo e no espaço, bem como, todos os bens materiais.
Se no mundo da natureza ele não pode fazer opção, no mundo da cultura humana ele é livre e o seu comportamento pode variar de individuo para individuo dentro de uma mesma sociedade e mesma época.
No mundo da natureza tanto o ordenarnento (leis naturais) como os bens materiais são insubstituíveis e imutáveis para a vida humana e a vida de modo geral, enquanto que no mundo da cultura humana, tanto o ordenamento (leis, regras, normas, costumes de conduta criados pelo homem), quanto os bens materiais produzidos na sua cultura, são mutáveis e substituíveis no tempo e no espaço. Além dessas mudanças da ordem cultural cada indivíduo é livre para organizar sua escala de valores e acordo com a sua subjetividade.

HUGO ROCHA

FRANCISCA PEREIRA FAZ TOW IN SURF NA LAJE DE JAGUARUNA




Na última sexta-feira, um grupo de surfistas, a convite da K38 Brasil, foi surfar na laje da Jaguaruna. A surfista profissional Francisca Pereira, atleta da Mary Jane, foi a primeira a surfar na laje, com ondas de até seis metros de face.A expedição foi formada por Marcelo Ulysséa e sua esposa Marcella, da K38 Brasil, pela surfista Francisca Pereira, pelos surfistas Saulo Lyra e Élcio da Luz, além de Álvaro Walendowski, fotógrafo da equipe, surfista e mergulhador experiente. Todos os participantes da session são Operadores de Embarcações de Resgate, habilitados pela K38 Brasil, e praticaram Tow-in com toda estrutura segurança que o esporte ne.Eles chegaram na laje por volta das 7h30min. e saíram apenas sete horas depois, quando a maré baixou. Foram utilizados dois jet skis na expedição, um para o Tow-in e outro para apoio e descanso dos atletas.Francisca foi a primeira mulher a surfar na laje e mesmo sem ter nenhuma experiência conseguiu pegar três boas ondas. “Fiquei muito feliz quando o Marcelo me ligou convidando para surfar na laje, sempre sonhei em conhecer esse lugar e fazer Tow-in e melhor ainda fazer isso com ele, surfista e wave patrol super experiente, fiquei bastante segura. Era tudo novo: o Tow-in, o tempo certo de entrar na onda, como segurar o cabo. Me cansei rápido, mas pude pegar três ondas e foi uma emoção. Saí da praia com vontade de mais”, conta.Saulo Lyra elogiou a colega e afirmou que “a Francisca mandou muito bem em seu debut na laje”. E Marcella da K38 Brasil explicou que é normal na primeira sessão de Tow-in a pessoa não conseguir surfar muitas ondas. Marcelo Ulysséa e Élcio da Luz também pegaram boas ondas durante o tempo em que estiveram na laje. Mesmo sem estar nas condições extremas de tamanho, a laje da Jaguaruna proporcionou um bom treino para competições de ondas grandes que estão próximas e para o inverno que promete boas ondulações para a prática do Tow-in.
Por Fernanda Garcez (divulação) e fotos de Álvaro Walendowski. e arquivo pessoal.
Francisca Pereira é patrocinada pela Maryjane shoes e wear e Russo Shaper

DIÁRIO DA FRANCISCA EM GALÁPAGOS - FINAL





01/07 Como vocês puderam acompanhar, nas colunas anteriores falei sobre minha viagem ao Arquipélago de Galápagos, no Equador. Fiquei um mês surfando, treinando, estudando a cultura, a geografia, geologia, fauna e flora do local.Por serem de formação vulcânica, isoladas do continente, e receberem correntes marinhas frias do sul do Pacifico e quentes do norte, estas ilhas são um palco de belíssimas formações geológicas, com vulcões ativos e inativos, e plantas endêmicas (como o cactos e outras espécies nativas que alimentam a fauna local).A fauna, também endêmica, tem os famosos piqueros de patas azuis (veja na foto), as tartarugas gigantes, as iguanas nadadeiras, pássaros diversos, pelicanos, pingüins, e os fofíssimos lobos marinhos que ficam surfando junto com a gente, ou ficam na praia tomando banho de sol, todos preguiçosos, conversando entre eles com um ruído bem característico e diferente!Muitas vezes, ficava à noite na praça do centrinho, em frente à praia onde ficavam os lobos marinhos dormindo, brincando, fazendo barulho, chega a ter mais de 100 lobos juntos, era uma “viagem” ficar ali com eles, de longe, só observando, integrada no mundo dos lobos.Esta foi uma viagem de paz, sossego e muito surf. Rolou surf todo dia, de 0,5 a 1,5 metro, nos diversos picos da ilha de San Cristóbal.O maior dia foi pouco mais de 1,5 que quebrou na Carola, uma direita forte, rápida e longa, surf de verdade, inesquecível esta onda, era o local que olhava logo cedo para ver como estavam as condições do mar.Outro local que surfei bastante foi no El Cañao, uma esquerda muito boa, quase em cima das pedras, formava um tubo mais no inside, e também só quebrava com ondulação de norte como a Carola.Nos últimos dias da viagem entrou um swell de sul e pude surfar a onda da Loberia, onda de pico que abria para os dois lados, bem na frente das pedras, ondas de drop forte, rápido, difícil e a parede proporcionava algumas manobras, muito show!Toda viagem é interessante, sempre conhecemos muita gente, muitos costumes diferentes, comidas típicas, língua nativa, e a paisagem que não sai da memória junto com a paz que eu trouxe deste lugar!Por Francisca Pereira . publicado no site www.maryjane.com.br

DIÁRIO DA FRANCISCA EM GALÁPAGOS 3





01/07
Santa Cruz é uma ilha vizinha à de San Cristóbal, onde eu estava hospedada. Fica a duas horas de barco. Santa Cruz é bem mais estruturada, mais populosa, com muito mais turistas pelas ruas, restaurantes, bares e lojas. É lá que as organizações WWF e Charles Darwin, por exemplo, têm suas sedes. Tem praias lindas, muitas iguanas, aves e campos de tartarugas. É o pólo mais agitado do arquipélago.Fui conhecer o Instituto Charles Darwin. É muito bacana, tem várias tartarugas gigantes. Neste instituto existe um trabalho muito sério de proteção às espécies de Galápagos, principalmente as tartarugas.Os ovos das tartarugas são coletados de várias ilhas e ali é feito um trabalho de criação e cuidado dos ovos. As tartarugas filhotes são cuidadas de dois até cinco anos, assim elas estarão mais protegidas do que se estivessem em seu habitat natural, depois elas são levadas de volta para a ilha da qual foram retiradas.Os animais invasores, trazidos pelo homem, como o cachorro e a cabra, por exemplo, são os maiores predadores da fauna e flora local. Eles ameaçam a vida e o equilíbrio deste habitat. Outra função dos institutos é a educação ambiental e conscientização da população na proteção dos animais, já que, em décadas passadas, no início do século, as tartarugas eram brutalmente mortas para uso de seu óleo, tanto quanto os lobos marinhos.Fui conhecer uma praia maravilhosa, chamada Baía Tortuga, linda, grande, areia branca, cheia de iguanas nadadeiras, passarinhos que comem bolachas em nossas mãos, pelicanos... Nesta praia rolam umas ondas, um beach break, mas que tem ondulação grande. Fiquei o dia todo por lá, curtindo, filmando, integrada ao local. O acesso para chegar é por um caminho feito para o turismo, de dois quilômetros, entre os cactos nativos.A maior aventura que eu fiz foi de bike, aluguei uma bicicleta e fui visitar dois lugares que normalmente se faz de carro, os campos naturais, onde se vê as tartarugas gigantes em seu habitat natural, e os buracos vulcânicos Los Gemelos. São crateras de mais de 100 metros de diâmetro, ficam no alto do morro, a uns 600 metros de altitude.Esta pedalada foi irada, de extrema resistência, não sabia que era tão longo o caminho, apenas fui indo com um mapa na mão, foram quase 25 quilômetros de pura subida, foram sete horas de passeio, sendo cinco só de subida. Choveu, me perdi, não chegava nunca, eu estava sozinha e pedia informações para as pessoas locais, mas cada um falava de um caminho diferente... Estava muito cansada, mas não desisti e consegui achar. Vi as tartarugas no campo natural. Elas eram tão grandes que de longe seus cascos pareciam pedras, foi incrível.Depois de mais umas subidas, encontrei Los Gemelos, um buraco vulcânico, outro local maravilhoso, de paz total!A volta foi tranqüila, duas horas descendo de bike, uma delicia!Este passeio, com certeza, vai ficar na minha memória, junto com toda a viagem!Por Francisca Pereira publicada no site http://www.maryjane.com.br/

DIÁRIO DA FRANCISCA EM GALÁPAGOS 2








jan/07
Nestas férias, estou viajando por Galápagos. Na coluna anterior, falei um pouco das ondas daqui, que são alucinantes. Já nesta coluna, vou escrever um pouco mais sobre o arquipélago.Galápagos é um local que nos instiga à pesquisa, além do surf, nas ilhas têm vários centros de pesquisa e interpretação.Longe da costa do Equador, 1000 quilômetros banhada pela corrente do pacífico, as ilhas inspiraram uma importante descoberta sobre a vida na terra, a teoria da evolução de Darwin, e continuam sendo um laboratório vivo para os cientistas atuais.Nas ilhas e na água, existem cerca de 9 mil espécies, sendo algumas endêmicas, isto é, que não se encontram em nenhum outro lugar, e outras espécies ainda mantêm as características pré- históricas.São cerca de 13 ilhas maiores e mais de 100 minúsculas, todas formadas por rochas vulcânicas subaquáticas de milhares de anos.As ilhas costumam receber cerca de 100 mil turistas por ano e mantêm uma população de 28 mil habitantes. Há mais de 40 anos, a WWF tem executado leis integrais de proteção à natureza para a conservação da cultura, flora e fauna das ilhas.Fui visitar alguns lugares interessantes aqui na ilha que estou, San Cristóbal; primeiro fui conhecer o vulcão que formou a ilha há milhões de anos, chamado de vulcão Junco. Atualmente, ele é um vulcão morto, não ativo, apenas uma grande cratera com um lago no meio. Fiz uma trilha por toda a volta na beira da cratera, ao redor do lago que fica mais abaixo. O local é muito agradável, várias nuvens passando, pois é alto; foi muito gostoso ficar ali alguns instantes, muita tranqüilidade e paz.Outro local que fui visitar chama-se La Galapaguera, um local semi-natural das tartarugas gigantes endêmicas de Galápagos.Neste local, há criação, estudo, e proteção das tartarugas gigantes, elas são realmente enormes, dóceis, de uns 80 anos, se alimentam de folhas, frutos e caules de uma planta super tóxica e leitosa.Aqui em Galápagos, quando não há ondas boas pra surfar, há muitos lugares para visitar.O naturalista Darwin formulou, a partir de pesquisas realizadas aqui em Galápagos, a teoria da evolução, mostrando que em diferentes tipos de habitat, de diferentes ilhas,a que uma mesma espécie de pássaro teria se submetido, no passado, fez com que ocorresse uma evolução da espécie em cada ilha, comprovando a teoria com os pássaros do presente encontrados nas ilhas, que se diferenciam apenas no tipo de bico, decorrente dos diferentes habitats e alimentação a que tiveram que se adaptar e evoluir.Como aqui tem pouca influência com o continente, dá para pesquisar e analisar a evolução das espécies, mais precisamente.No centro de interpretação que visitei, aprendi um pouco mais da história de Galápagos, que primeiramente foi colonizada por espanhóis, e também sobre a historia natural do arquipélago.A viagem continua.Na próxima coluna, conto um pouco mais das aventuras no arquipélago de Galápagos.Beijos!Por Francisca Pereira mateira publicada no site www.maryjane.com.br

DIÁRIO DA FRANCISCA EM GALÁPAGOS 1






jan /07 .Tudo começou quando ouvi a palavra Galápagos. Já sabia do potencial “surfistico” do local e também do potencial ambiental. O arquipélago de Galápagos pertence ao Equador. Recebe a ondulação de norte, que vem do Havaí, no Pacífico.Embarquei dia 27 de dezembro em São Paulo, com uma escala em Lima, no Peru, chegando em Guayaquil, no Equador. Tive que dormir uma noite na cidade e, no dia seguinte, embarquei para a ilha de San Cristóbal, em Galápagos.No hotel em Galápagos fiz amizade com muitos brasileiros que estavam lá hospedados; íamos surfar, conhecer a ilha, fazer os passeios turísticos, vulcão, mergulho...As ondas nos primeiros dias estavam pequenas, meio a um metro, sendo que aqui é um potencial surfístico, quando entra swell quebram ondas de até três metros. Surfava todo dia, fundo de pedra, onda rápida, com muitos lobos marinhos nadando e surfando junto.As ondas mais famosas aqui são El Cânon, uma esquerda rápida, com fundo de pedra e quebra na frente de uma costeira de pedras redondas, para entrar no mar tem que ser pela costeira, é meio perigoso, pois quando a série entra, bate forte na costeira e pode machucar. Outra onda que surfei, mas poucas vezes, pois só quebra quando as ondas estão maiores, foi a chamada Carola, uma direita perfeita, bem rápida e forte, numa bancada rasa de pedras.Os primeiros dias aqui foram tranqüilos e de adaptação, curti bastante! Na virada do ano, rolou uma cerimônia local, com queima de bonecos. Os equatorianos fazem uma festa diferente, eles constroem bonecos de papel, com algum significado pessoal, político, ou qualquer outro, e na virada do ano fazem uma fogueira para queimá-los, muito engraçado, todos curtem isso aqui.Galápagos está sendo inesquecível, dias lindos, amigos, muitos lobos marinhos, surf... enfim, está tudo correndo tranqüilo, só estou esperando a entrada de um grande swell, pois escolhi fazer esta viagem para treinar, surfar ondas fortes e diferentes do Brasil!Acompanhem o próximo diário de Galápagos!Beijos matéria publicada no site www.maryjane.com.br